Egresso do câmpus Suzano conquista bolsa integral para Universidade de Yale
Estudar em uma das três melhores universidades do mundo deixou de ser um sonho distante para o aluno egresso do curso Técnico em Química do câmpus Suzano/IFSP, Davi Hassan Ferreira Evangelista. O estudante foi selecionado para receber bolsa integral que custeará seus estudos na prestigiada Universidade de Yale, nos Estados Unidos. A partir de 2022, Davi vai cursar Estudos Ambientais e Ciências Políticas na escola norte-americana e poderá fazer, também em Yale, uma especialização em Raça, Etnia e Migração. Na instituição, o estudante vai passar por várias áreas de estudo, em diferentes departamentos e, ao final do segundo ano, decidir que curso fará até se formar.
Davi também conseguiu bolsas integrais para as instituições de ensino norte-americanas, Dartmouth College e Bowdoin College. No início de 2020, já havia sido aprovado no Enem para cursar Bacharelado Interdisciplinar em Humanidades, na UFABC, mas preferiu apostar no sonho de estudar no exterior. Formado em 2019 no curso Técnico em Química, no câmpus Suzano, Davi explica o difícil trajeto de sua candidatura para as universidades. “Foi um processo super extenso, holístico e bem diferente do sistema que temos aqui no Brasil. Passei o ano de 2020 me preparando para mandar uma candidatura (Application), de forma que realmente refletisse tudo o que eu queria para o Comitê de Admissões de cada universidade. Passei um ano inteiro (2020) trabalhando nesse processo. O objetivo das faculdades é entender cada pessoa em sua complexidade e em seu próprio contexto. Para Yale, precisei enviar redações que mostrassem meu perfil e valores pessoais. Preenchi vários questionários para cada instituição, enviando histórico escolar, cartas de recomendação de professores e orientadores, perfil do IFSP (explicando a história da nossa escola, como funcionam as avaliações, o processo de admissão no IF, entre outros dados), lista de atividades extracurriculares e prêmios que recebi ao longo do ensino médio, a nota do SAT (como se fosse o Enem dos EUA, em inglês) e do TOEFL (prova de proficiência em língua inglesa), enviar documentos financeiros (para a bolsa) e também fazer entrevistas em inglês com ex-alunos das universidades”, detalha.
Os apoios fundamentais
Para fazer parte do seleto grupo de candidatos aprovados para a Universidade de Yale em 2020, Davi Hassan contou com apoiadores para chegar lá. Neste ano, a instituição admitiu apenas 2.169 estudantes de um total de 46.905 candidatos de várias partes do mundo, o que representa uma taxa de aprovação de somente 4.62%. “O processo que já é naturalmente estressante, ganhou um acréscimo por conta da pandemia. Para vencer as barreiras contei com o apoio financeiro do Prep do Estudar Fora, da Fundação Estudar. No começo de 2020 tive o privilégio e sorte de ser um dos 46 admitidos entre as 7561 pessoas para receber mentoria sobre o processo. Além de auxílio financeiro, a Fundação Estudar me deu suporte com uma mentoria e uma especialista em Application, que me auxiliaram muito ao longo do processo. Além disso, tive apoio de professores do câmpus Suzano: a Ivana, a Maria Raquel, a Mônica, o Lucas e o Diego Salim, e das minhas melhores amigas, Gabrielle dos Santos e Maria Luana, que foram essenciais nessa aprovação para a bolsa”,enfatiza.
Nascido em uma família humilde, Davi não esquece o apoio recebido. “Meus pais sempre apoiaram a ideia de estudar no exterior. Eles tiveram pouquíssimas oportunidades quando crianças, e passaram por muitas necessidades. Começaram a trabalhar aos 10 anos para trazer comida para casa. Aos 14 minha mãe já era dona de uma barraca de pastel na feira e sustentava a casa. Ambos tiveram a infância muito marcada pela pobreza, e mesmo assim conseguiram se formar numa universidade. Hoje, minha mãe é professora numa escola pública em Ferraz e meu pai é aposentado. Melhoraram de vida graças à educação e sempre lutaram muito para que eu tivesse acesso a todas as oportunidades. Com o apoio deles e o suporte financeiro do Prep Estudar Fora para a candidatura às faculdades no exterior, decidi ficar um ano trabalhando nesse processo e em tudo que ele envolvia”, completa.
Em 2019 o estudante participou de um curso de verão na instituição norte-americana, o Yale Young Global Scholars, mas acredita que isso não influenciou na aprovação de sua candidatura junto a banca de seleção. “Yale é uma das poucas universidades need-blind para alunos internacionais. Eles não levam em conta o quanto posso pagar pela universidade na hora da admissão. O processo já é muito competitivo para alunos dos EUA e quando se é um aluno internacional que precisa de bolsa 100%, tudo fica ainda mais difícil. A diversidade é algo que eles levam em conta, então o segredo pra conseguir a bolsa numa das melhores universidades do mundo é deixar claro para os Admissions Officers o quê te faz único e em quê você pode contribuir para a classe de estudantes da universidade”, explica.
O IFSP e a pesquisa na área ambiental
“Eu acredito que se não fosse o IFSP/câmpus Suzano, não teria conseguido a bolsa em Yale. O Instituto prepara a gente muito bem para a vida universitária. Vejo isso falando com colegas que estudam na USP, a melhor universidade do país. Um dos documentos que precisei enviar a essas universidades é o School Profile (perfil da escola), documento que contém todas as informações relacionadas à sua escola, desde o corpo estudantil até como a grade curricular é organizada. O professor Lucas me ajudou a construir o perfil do IFSP, e enviamos esse documento às universidades”, ressalta.
No período em que cursou o Ensino Médio no câmpus Suzano, Davi participou de projetos de pesquisa, como o "Produção de biopolímeros à base da casca da banana (Musa spp.), apresentado em eventos científicos nacionais e finalista da Febrace 2019. “Fora a excelência acadêmica do nosso IF, fez toda diferença o fato de eu ter tido oportunidade de desenvolver quatro pesquisas ao longo do ensino médio, viajar para apresentar pesquisa no Rio Grande do Sul, participar de grupos de estudos decoloniais organizados pela professora Ivana, ter acesso a professores maravilhosos e que me auxiliaram nesse processo (em especial as professoras Ivana, Maria Raquel, Mônica, e os professores Diego Salim e Lucas). Tive experiências maravilhosas com o ativismo estudantil com a fundação do Grêmio Paulo Freire (que inclusive foi tema de uma das redações que enviei a Yale), foram fundamentais para que eu conseguisse a bolsa. O IFSP me proporcionou aprendizados muito além da sala de aula, o que fez com que Yale visse que eu já vinha de um ambiente propício à missão da Universidade. O Instituto Federal e todas as pessoas que conheci e oportunidades que tive através dele foram fundamentais para que eu conquistasse a bolsa em Yale, e impactaram minha trajetória de modo que levarei para sempre”, enfatiza.
O envolvimento com pesquisa na área ambiental começou logo no primeiro ano do Ensino Médio no IFSP/câmpus Suzano. Davi também participou ativamente das questões socioambientais e políticas, desenvolvendo um trabalho sobre a Mata Atlântica no município de Suzano, além de pesquisa sobre a Amazônia no IFSP. “Atualmente, também pesquiso o papel do Estado Brasileiro na injustiça ambiental que vemos em nosso país. A maioria das pessoas que sofrem com a crise ambiental no Brasil são negras, indígenas, quilombolas e/ou da periferia. Isso é algo que está enraizado na formação do Estado Brasileiro e teve um papel fundamental na marginalização socioambiental dessas populações, além da destruição dos nossos ecossistemas vitais. Tudo isso eu deixei claro no meu Application, e foi o que me fez destacar! Nas redações, lista de extracurriculares e cartas de recomendação, a minha paixão por justiça ambiental ficou clara, e esse contexto único fez com que os Admissions Officers votassem por me admitir em Yale. Aconselho os ingressantes que abracem o IF e todas as suas oportunidades! Universidades como Harvard e Yale não procuram gênios, e sim pessoas que contribuam com suas comunidades de forma positiva e impactem a trajetória de outras pessoas ao seu redor e das instituições que fizeram parte”, finaliza.
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