Rede Federal celebra 113 anos em meio a cortes no orçamento e reconhecimento internacional
O Instituto Federal de São Paulo (IFSP) é o maior da rede, com mais de 50 mil alunos, quase cinco mil servidores e 37 câmpus espalhados por 34 cidades paulistas, oferecendo cursos de excelência alinhados às demandas do setor produtivo local.
Nesta sexta-feira, 23 de setembro, a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica completa 113 anos de uma história iniciada com a criação das primeiras Escolas de Aprendizes Artífices, pelo então presidente da República Nilo Peçanha, em 1909. Uma história que já ultrapassa um século com várias nomenclaturas, institucionalidades, marcos legais e objetivos pedagógicos, mas que mantém o foco na formação qualificada para o trabalho, na inclusão social, no desenvolvimento humano e na intervenção na sociedade.
No decorrer dos anos, a centenária Rede foi modernizada e está presente em todo o território brasileiro, principalmente em seu interior. Atualmente são 661 câmpus em 578 municípios do País. Mais de um milhão e meio de estudantes frequentam um dos quase 12 mil cursos ofertados desde o nível básico até a pós-graduação. Para isso, a estrutura nacional conta com mais de 80 mil servidores. A Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica é formada por 38 Institutos Federais; dois Centros Federais de Educação Tecnológica (Cefets); 22 Escolas Técnicas Vinculadas às Universidades Federais; e pelo Colégio Pedro II.
O reitor do IFSP, Silmário Batista dos Santos, relembra sua trajetória na Instituição. “A minha própria história de vida está ligada com o desenvolvimento da Rede Federal. Iniciei como docente em 1994, na UNED Jataí, hoje Instituto Federal de Goiás. São quase três décadas como servidor da Rede Federal. Tenho a felicidade de ter trabalhado em sua expansão e hoje, como reitor do IFSP, seguir atuando para levar oportunidade às pessoas, para que a Educação transforme vidas, como transformou a minha. Parabenizo a todos os servidores e servidoras, bem como nossos estudantes, que fazem dessa rede, apesar das dificuldades atuais, uma instituição estratégica para o desenvolvimento do país e um serviço público de qualidade, com extrema relevância social.”
As instituições são referências nacional e mundial em suas áreas de atuação, com desempenho comprovado pelos resultados dos estudantes no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e no Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA). “Nossas instituições contam com uma boa infraestrutura de salas de aula e laboratórios, além de um corpo técnico muito qualificado. Nossos docentes conseguem trabalhar os conteúdos de Ensino, Pesquisa e Extensão de maneira indissociada, o que confere a Rede Federal uma qualidade exemplar”, analisa o reitor do Instituto Federal do Paraná (IFPR), Odacir Antônio Zanatta.
Além do ensino verticalizado, outro diferencial é o alinhamento dos projetos de ensino, pesquisa e extensão aos arranjos produtivos locais e às demandas do mundo do trabalho, potencializando o desenvolvimento regional e gerando empregabilidade dos egressos, além de promover a inclusão. “A influência que os Institutos Federais tem no desenvolvimento local é extremamente importante. Cada vez mais precisamos de projetos de iniciação científica fortes para que eles se integrem às comunidades e consigam atingir as populações mais carentes para gerar renda. Vale ressaltar que a interiorização é uma de nossas principais premissas,” pondera a reitora do Instituto Federal do Mato Grosso do Sul (IFMS), Elaine Borges Cassiano.
No entanto, toda essa estrutura poderá perecer, dadas às constantes quedas orçamentárias, cortes e desinvestimento. Para o orçamento de 2023 dos Institutos Federais, o Ministério da Educação (MEC) prevê R$ 300 milhões a menos na comparação ao recurso disponibilizado em 2022. “Estamos falando disso há algum tempo. Todo esse cenário é desalentador. Temos que ter garantias de uma reposição desse orçamento para não inviabilizar uma série de ações que dizem respeito ao ensino, a pesquisa, a extensão e ao funcionamento das instituições. A Rede Federal promove o desenvolvimento e dá uma maior empregabilidade aos nossos jovens, mas para isso é preciso ter sustentabilidade e garantias de um orçamento”, afirma o presidente do Conif, Claudio Alex Jorge da Rocha.
A verba que poderá ser cortada é destinada ao pagamento de despesas de custeio, que incluem gastos como água, luz, limpeza e bolsas dos alunos. O valor ainda é uma previsão, já que o Congresso precisa votar o Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA), que foi enviado pelo Governo Federal em agosto. Apesar das dificuldades orçamentárias, a Rede Federal segue exercendo seu papel primordial de ofertar para os brasileiros uma educação pública, gratuita e de excelência, qualidade essa comprovada ao se observar o desempenho de dezenas de estudantes e egressos que estudaram em uma das instituições da Rede Federal.
Conheça alguns casos de sucesso que mostram a necessária importância do investimento na Educação Profissional, Científica e Tecnológica, como uma política de Estado robusta e eficaz. Para conhecer outras histórias, que movimentaram a Rede Federal nos últimos 113 anos, acesse o Instagram do Conif. A página compartilha histórias de estudantes, egressos (as) e servidores (as), que tiveram suas vidas mudadas pelas instituições que compõe o Conselho.
Ciência e o asteroide Estradioto
A egressa do IFRS, Juliana Estradioto, conquistou o 1ª lugar com a pesquisa “Desenvolvimento de Filme Plástico Biodegradável a partir da Fibra Residual do Maracujá” no Prêmio Jovem Cientista de 2018. A primeira colocação também foi garantida na Intel International Science and Engineering Fair (Isef) com o trabalho sobre o aproveitamento da casca da macadâmia. A conquista deu a ela a oportunidade de batizar um asteroide com seu sobrenome.
Ivair Gontijo nasceu Moema (MG), trabalhou na infância como engraxate, estudou no IFMG Campus Bambuí (antigo Colégio Agrícola), onde teve seu primeiro contato com nomes como Isaac Newton e Albert Einstein. Hoje, ele é cientista da Agência Espacial americana (NASA) e trabalhou na equipe que enviou para Marte um drone batizado com o nome de “Perseverance” (Perseverança).
O estudante Lucas Tejedor está entre os dez finalistas do Global Student Prize 2022, que elege os "melhores estudantes do mundo". O anúncio dos finalistas ocorreu em agosto de 2022. O estudante do Cefet/RJ mora em Bangu, na Zona Oeste do Rio, e aluno do 4º ano do ensino médio técnico do Cefet-RJ, ele gasta 5 horas no transporte público para ir e voltar do colégio (entre ônibus, trem e trechos a pé). O jovem já conquistou inúmeras medalhas em eventos de destaque nacional, como a Feira Brasileira de Jovens Cientistas (FBJC) e a Feira de Ciência, Tecnologia e Inovação (FECTI), maior feira de ciências do estado do Rio de Janeiro.
Laura Drebes e Camily Pereira desenvolveram absorventes higiênicos mais baratos e ambientalmente sustentáveis, em comparação com os produtos encontrados no mercado, de algodão e plástico. O baixo custo dos absorventes, que é de R$ 0,02 em média, contribui para reduzir o problema da falta de acesso a produtos adequados para o cuidado da higiene menstrual. O projeto foi premiado no Prêmio Jovem da Água de Estocolmo (Stockholm Junior Water Prize – SJWP). Elas foram as únicas representantes do Brasil no evento, que ocorreu em agosto de 2022.
Conif – Criado em 24 de março de 2009, o Conselho reúne os dirigentes máximos dos 38 institutos federais, dois centros federais de educação tecnológica (Cefets) e o Colégio Pedro II e tem dentre os objetivos a valorização, o fortalecimento e a consolidação da Rede Federal, que contabilizam mais de 600 unidades em todo o País. O Conif atua no debate e na defesa da educação pública, gratuita e de excelência.
Fonte: Assessoria de Comunicação do Conif
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